Clímax #15: Boas notícias pré-carnaval e desperdício
Olá,
Nesta véspera de carnaval achei melhor mandar uma newsletter mais breve e mais leve, começando com boas notícias.
Se você é do carnaval, aproveite as festas e caso sua fantasia tenha relação com a crise climática me manda uma foto. Lembrando que sempre quiserem falar comigo é só responder qualquer dos emails e o contato será sempre bem vindo.
Caso essa não seja a sua praia e você planeje ficar em casa de bobeira, aproveitando para colocar a vida, o sono e a leitura em dia, dê uma checada nas edições anteriores do Clímax clicando aqui:
Boas notícias
Uma preocupação a menos Aquele grande medo de que o derretimento do permafrost no Ártico poderia liberar gás metano suficiente para acelerar o aquecimento global, criando assim um ciclo vicioso provavelmente não acontecerá. A conclusão é de um estudo de mais 20 anos que analisou amostras de gases presos no gelo durante um período de deglaciação considerado equivalente à nossa era de aquecimento, quando a Terra foi de um estado frio à um estado quente mas de forma natural e lenta, o que aconteceu entre 8 e 15 mil ano atrás. De acordo com os pesquisadores, ainda que o metano seja liberado ele não atinge a atmosfera em grandes quantidades, e uma das razões é que ele é comido por bactérias presentes no solo local. Obrigada, bactérias!
O aquecimento global é um problema sério para a humanidade? 93% dos brasileiros acha que sim. Uma pesquisa do instituto Market Analysis com 560 pessoas nas 5 regiões brasileiras diz ainda que 90% da população acredita que o aquecimento é resultado das ações humanas e que apenas 20% da população acha que é tarde demais para reduzir as mudanças climáticas. Otimistas ou pessimistas?
Maia vai colocar o projeto sobre mineração em terra indígena “ali do lado da mesa” O presidente da câmara diz que não pode devolver o projeto porque não é inconstitucional mas que não dará a urgência que alguns gostariam pois o momento não é adequado para tal discussão.
Para não deixar passar
Concessão de unidades de conservação ambiental Governo autorizou que as unidades de conservação ambiental Humaitá, Iquiri e Castanho, no Amazonas, sejam concedidas à iniciativa privada.
Mais subsidio para combustível fóssil À partir de janeiro de 2021 será zerado o imposto PIS/cofins sobre o querosene de aviação entre outras medidas que beneficiarão as empresas aéreas e que terão um impacto total de R$ 990 milhões por ano no orçamento da União. Eu falei sobre o impacto da aviação no clima no Clímax #6.
Um lembrete sobre o desperdício
O desperdício é um grande problema ambiental que você já deve ter ouvido falar. Temos a matéria prima explorada à toa, o lixo produzido que enche lixões e emite gases de efeito estufa e por aí vai. O desperdício de comida é um dos mais discutidos já que, de acordo com a FAO, 1/3 de todo alimento produzido no planeta acaba no lixo. E não é que estejamos todos esbanjando na mesa, isso acontece ao mesmo tempo em que boa parte da população ainda sente fome.
Como de costume, a conversa foca nas ações individuais e em como você tem que rever o fato de não comer tudo que põe no prato, jogar o tomatinho fora só porque estava feio ou descartar o talo do brócolis porque não acha tão gostoso. Alguns olham para os restaurantes ou até mesmo para a cadeia logística, com as perdas no transporte, por exemplo. Mas pouco se discute sobre o que ocorre no comércio, e muito menos sobre o desperdício de produtos não alimentares.
O assunto veio a tona rapidamente há alguns anos quando foi noticiado que a marca de luxo Burberry queimou $37.8 milhões em produtos antigos, e o mundo descobriu ser essa uma prática comum na indústria. O escândalo levou a França a proibir a destruição de produtos não vendidos no país.
Mas o problema persiste no resto do mundo, e não são só marcas de luxo que agem dessa forma.
Várias pessoas estão tentando abrir os olhos da população para o problema de uma forma bem peculiar, abrindo as lixeiras de lojas e documentando tudo o que encontram. O movimento também inclui algumas pessoas que se alimentam apenas do que encontram nessas ocasiões, mas não são todos.
A Anna Sacks do Instagram @thetrashwalker passeia pelas ruas de Nova York invadindo lixeiras, documentando o conteúdo e se certificando de que ele terá destinos melhores. Ela separa produtos para doação, reciclagem e até fica com alguns para ela ou para dar de presente. Além disso, Anna cria petições e envia mensagens à políticos e aos CEO’s das empresas - ela costuma vasculhar os descartes de lojas de redes nacionais - pedindo mudanças.
Eu já a recomendei no Instagram e a recomendo novamente aqui pois acho que não há melhor prova de que o sistema em que vivemos está errado do que quando vale mais a pena para uma empresa jogar fora produtos novinhos do que vendê-los a um preço mais barato, doá-los ou mesmo guardá-los para vender no ano seguinte.
Algumas lojas ainda fazem questão de se certificar que os produtos não poderão ser usados, exigindo que seus funcionários os quebrem, cortem, rasguem ou despejem o conteúdo das embalagens. Vale lembrar que na maioria dos casos esses funcionários recebem salários baixíssimos e poderiam se beneficiar dos produtos mas são punidos caso os consumam.
Adoraria saber como é a situação aqui no Brasil. Alguém se dispõem a invadir umas lixeiras? 😏
Rolos de papel de embrulhar presentes novinhos jogados fora após o Natal, afinal, imagina que horror correr o risco de presentear alguém com a mesma estampa que eles já viram no ano anterior.
13 sacolas de lixo jogadas fora de uma vez só por uma loja de rede que estava fechando. Chocolate, balas, biscoitos, pacotes de fralda, e até bichinhos de pelúcia. Esse tipo de coisa que estraga fácil, sabe?
Recomendo também a @anurbanharvester que faz o mesmo trabalho na Europa além de postar imagens das “colheitas” de outras pessoas da região. Sigam-nas para uma dose diária de raiva contra o sistema. É na medida certa.
Por hoje é só. Não tirei o seu ânimo para a festa, não é?
Divirta-se!